“O Brasil está voltando. Para além da importância econômica e geopolítica, o Brasil tem muito a oferecer ao mundo”, afirma o decano do Supremo Tribunal Federal.
Decano do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Gilmar Mendes afirmou que, com o retorno do presidente Lula (PT), o Brasil volta “a focar as grandes questões da nação”. Os quatro anos de governo Jair Bolsonaro (PL) foram, para o magistrado, “um desvio, repletos de ameaças à democracia”. O ministro lembra que, durante a gestão anterior, o Brasil era visto como “pária” na agenda ambiental e climática, tema central no cenário internacional atualmente. Agora, segundo Gilmar Mendes, o Brasil está pronto para voltar a oferecer ao mundo o que tem de melhor.
“Os últimos quatro anos foram um desvio, repletos de ameaças à democracia. Mas agora o status quo retornou —voltamos a focar as grandes questões da nação. Internamente, está de volta à mesa de discussão a questão fiscal, que precisa ser vista segundo um prisma da responsabilidade social. É importante que ela ocorra, pois já vem sendo pensada desde o governo FHC. Externamente, temos a questão ambiental. No governo anterior, o Brasil era visto como pária, por estar destruindo nossas florestas. A legislação para proteger o ambiente existe e é, inclusive, muito avançada. O Brasil está voltando. Para além, da importância econômica e geopolítica, o Brasil tem muito a oferecer ao mundo: nossa cultura, nosso Carnaval e futebol, nosso bom humor e a capacidade de inovar”, declarou.
Sobre os atentados terroristas em Brasília promovidos por bolsonaristas no último dia 8, Gilmar Mendes afirmou que “um Estado de Direito não pode ser tolerante com aqueles que não toleram a própria democracia”. “O Brasil demonstrou ser uma democracia resiliente. Os resultados são auspiciosos, e o Judiciário teve papel importante. Parece-me necessário, enquanto democracia, termos instrumentos de contenção que repudiem atuações antidemocráticas”.
Perguntado se no Brasil os golpistas terão o mesmo destino que tiveram nos Estados Unidos, o ministro disse que “nesse momento as audiências de custódia procedem. Para além disso, é preciso determinar responsabilidades. Não será difícil de compreender que a situação é diferente para uma pessoa que ajudou a destruir e para alguém que financiou ou organizou. Mas considero que o processo está a avançar de forma séria. A Procuradoria-Geral [da República] já avançou com denúncias contra os casos identificados no Senado e na Câmara, e o próximo passo é o direito de defesa. (…) Desde que o Brasil se submeteu à Constituição de 1988, nunca houve um episódio dessa gravidade. O que aconteceu precisa ser repreendido e repudiado. As pesquisas apontam no mesmo sentido: a maioria da opinião pública, independentemente do seu alinhamento político, repudia os acontecimentos e defende que os intervenientes devem ser julgados”.
Gilmar Mendes também opinou sobre os perigos da “globalização extrema” e disse ser importante o Brasil se fortalecer junto à América Latina. Resgatando os anos mais severos de Covid-19, ele disse que a pandemia “nos indicou que havia caminhos errados ou equívocos no que diz respeito à própria globalização. Não devíamos confiar tanto nessa globalização extrema —vimos a dependência que tínhamos da China, mas muito material médico tardou a chegar. Tendo em conta o tamanho do Brasil e da América Latina, talvez possamos ter um papel importante nessa seara, repensando, inclusive, a nossa industrialização. E, claro, o contato com a Europa. Por Portugal e a partir daí com os demais países”.
Fonte: Brasil 247